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Uma posição em defesa do património

 

A história da Quinta da Calçada - que foi a Escola D. Luís de Castro

 

Quinta da Calçada, um elegante edifício que outrora, por várias gerações, foi residência de uma família aristocrática, durante meio século foi uma instituição de ensino público.

 

Implantada logo à entrada de Tenões na encosta do Bom Jesus, o ponto turístico mais importante da cidade de Braga, este é um imóvel de valor e qualidade arquitectónica inegáveis, perfeitamente integrada numa zona onde proliferam, quintas, solares e palácios.

 

Em 2007, ao fim de quase meio século como Instituição de ensino, o edifício e espaços verdes chegam em muito bom estado de conservação e ostentando os seus elementos originais. Nesse ano encerra a escola secundária que aí funcionava, o imóvel permanece devoluto no entanto esta propriedade de elevado valor arquitectónico, perfeitamente integrada num ponto de turismo nacional e internacional, encontra-se a ser objeto de invasões e vandalismo.

 

O presente site expõe esta quinta nos seguintes tópicos;

 

  • Localização e sua Integração

  • Valor arquitetónico

  • Valor histórico, origens da família

  • Escola D. Luís de Castro

  • Degradação da Quinta da Calçada

  • Imagens

  • 2019 - Recuperação da Quinta da Calçada

 

Elaborado por; Marcus Rocha Penedos, arquitecto                  2015.

 

Em 2019, Pelo Decreto - Lei n.º 30/2019 de 26 de Fevereiro, a antiga Quinta da Calçada / Escola D. Luis de Castro foi integrada no plano de intervenção para a requalificação e construção de residências de estudantes, passando este imóvel a ser uma das futuras residências universitárias da Universidade do Minho.

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    LOCALIZAÇÃO E SUA INTEGRAÇÃO    

 

A propriedade localiza-se na Rua da Calçada na antiga freguesia de Tenões, actualmente denominada União das Freguesias de Nogueiró e Tenões, encosta do Bom Jesus, Concelho e Distrito de Braga. Coordenadas; 41°33'21.1"N 8°23'35.3"W

 

Toda a encosta do Bom Jesus é vastamente arborizada por várias espécies, muitas já centenárias, a zona é pontilhada por várias quintas, solares e palácios. Encontramos paralelo desta região com a zona de Sintra, esta classificada como Património Mundial da Unesco, que é igualmente constituída por uma encosta verdejante com diversas quintas e palácios.

 

A freguesia de Tenões é dominada pela encosta do Bom Jesus, nos pontos mais altos desta encontram-se dois importantes monumentos de cariz religioso, o Templo do Sameiro de 1877 e o Santuário do Bom Jesus do arquitecto Carlos Amarante e construído entre 1784-1811. O elevador do Bom Jesus, primeiro funicular movido a água na Península Ibérica encontra-se aqui, liga a parte alta da cidade ao Santuário do Bom Jesus vencendo um desnível superior a cem metros, da autoria do engenheiro suíço Niklaus Riggenbach e inaugurado em 1882.

Braga é capital de Distrito e localiza-se no coração da verde região do Minho, no Noroeste de Portugal, implantada numa zona do país marcada de montes ondulantes e florestas. A cidade é conhecida como a Roma portuguesa devido a ser um dos maiores centros religiosos de Portugal, sendo Tenões – Bom Jesus um dos locais que mais promove o turismo religioso. É conhecida a riqueza das suas igrejas barrocas, pelos esplêndidos solares do século XVIII e pelos belos parques e jardins.

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    VALOR ARQUITECTÓNICO    

A Casa da Calçada tem diversas denominações, Quinta da Calçada, Quinta de (…), ou como a família original sempre a denominou, “Casa da Calçada” ou simplesmente “Calçada”.

 

A propriedade foi assim chamada em virtude da via, ou calçada, que lhe passa aos portões ser revestida a cubos de granito, sendo esta a via que percorria a encosta do Bom Jesus.

 

A casa da quinta, uma construção senhorial de traça solarenga típica do Minho, toda em alvenaria de granito com piso térreo, piso nobre e piso superior em mansarda, aqui apresenta um cunho algo diferente do visto nesta zona do país. Os vãos exteriores são guarnecidos com elegantes cantarias encimados por peças de remate em destaque, o eixo central do edifício, ainda mais profusamente elaborado nas suas cantarias, é coroado por frontão triangular no último piso da fachada principal. O pé direito do piso nobre é de considerável altura ultrapassando os quatro metros.

 

A construção apresenta linhas neoclássicas e românticas, com varandas, balcões e harmoniosa simetria nos principais alçados.

Os interiores apresentam diversas carpintarias de valor, como portas, portadas e lambris de almofadões com cerca de 1,7 metro de altura, para além dos típicos pavimentos em régua de madeira. De referir também os diversos trabalhos em azulejo aqui presentes.

 

A propriedade está implantada em topografia acidentada apresentando espaços verdes e jardins em diferentes patamares altimétricos acedidos por rampas e escadas, com espaços ajardinados no estilo formal francês com lagos artificiais, buxos e painéis de azulejos também no exterior.

 

O edifício encontra-se a uma cota substancialmente mais elevada em relação à via de acesso, na rua da Calçada, faz-se o acesso ao imóvel por um amplo portão em ferro forjado e percorre-se uma calçada em granito até ao topo onde se encontra implantada a residência, a ladear esta calçada estão dois jardins formais em patamar.

    VALOR HISTÓRICO, origens da família    

Martins Ferreira dos Santos, uma família com longa linhagem na região do Douro e que reúne registos até ao século XVI, por tradição oral as épocas recuam ainda mais.

 

O futuro Conde de Ferreira, Joaquim Ferreira dos Santos, era o quinto filho de um casal de pequenos proprietários agrícolas de Campanhã – Porto, cuja quinta familiar de Vila Meã remonta ao século XVII, o jovem seguiu os estudos eclesiásticos visto o património ser herdado pelo seu irmão mais velho, como era lei no século XVIII. Acabando os estudos e recusando seguir o sacerdócio os pais colocam o filho sob a orientação de seus tios, Jerónimo Carneiro Geraldes e D. Brízida, estes possuidores de considerável fortuna, influência ainda com ascendência na 1ª dinastia da Casa Real. Joaquim Ferreira dos Santos pelos negócios nas ex colónias granjeou uma das maiores fortunas nacionais do século XIX, dedicou-se aos negócios, finanças e política, contribuiu com importantes capitais para a Causa Liberal sendo nobilitado por efeito.

 

Por testamento distribuiu o seu património pela família, amigos e causas sociais, entre outras obras lançou-se o primeiro parque escolar do país, para ambos os sexo), constituído por 120 escolas com residência para professor nas cabeças de Concelho do território continental e ilhas. Com o remanescente da herança fundou-se o Hospital Conde de Ferreira, de especialidade psiquiátrica, hoje é o Centro Hospitalar Conde de Ferreira.

 

 

 

 

Teve as seguintes honras;

 

  • Par do Reino – 1842

  • Barão de Ferreira – 1842

  • Visconde de Ferreira – 1843

  • Conde de Ferreira – 1856

  • Fidalgo cavaleiro da Casa Real do Conselho de Sua Majestade Fidelíssima

  • Comendador da Ordem de Cristo

  • Comendador da Real Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa

  • Grã-cruz da Ordem de Isabel a Católica (Espanha)

  • Hábito de Cristo atribuído ainda por D. João VI

 

Maçom – Grande Oriente Lusitano

 

 

 

 

 

 

O Conde de Ferreira, não tendo filhos vivos do seu único casamento, levou para habitar na sua residência do Porto a sua sobrinha, filha do irmão mais velho – Manuel Ferreira dos Santos, D. Maria de Ferreira casada com o Juiz Desembargador – Dr. António Corrêa da Neves. A referida residência era constituído por um grande palacete no antigo Largo do Bomfim no Porto com guarita para guarda de honra, o Conde de Ferreira vivia numa ala e a sua sobrinha juntamente com o seu marido e filhas em outra ala. 

 

D. Maria faleceu um ano antes do Conde de Ferreira, as suas filhas sucedem-lhe na herança, D. Maria José Corrêa da Silva torna-se uma das herdeiras de seu tio-avô, o Conde de Ferreira.

 

D. Maria José, por motivos de saúde, decide fixar-se em Braga na Quinta da Calçada juntamente com o seu marido Fernando José Fernandes da Silva.

 

A Quinta da Calçada foi uma típica casa senhorial de aparato, mobilada de acordo e onde trabalharam um extenso staf doméstico constituído por mordomo, motorista, governanta, cozinheira, criados de sala e de quarto, jardineiros e pessoal de quinta. Nos anos 20 do século passado foi construído um court de ténis.

 

Uma das filhas deste casal, D. Adelina, casou com um membro da família Conceição – Rocha, uma família de antigos banqueiros argentinos e diplomatas / políticos uruguaios radicados em representação em Portugal. Deste casal “Corrêa da Silva da Conceição Rocha” nasceram os últimos elementos nesta casa, 1909 – Mª Eugénia, 1910 – Mª Conceição, 1911 – Mª Luísa, 1912 – trigémeos (falecidos bebés), 1915 – Raúl e 1925 – Mª Adelina (minha avó).

 

O último ramo famíliar que aqui viveu, até 1957, foram os Corrêa da Silva Veríssimo de Almeida.

 

Nesta residência frequentaram a nata da sociedade da época, aristocracia, diplomatas, políticos. Já na república foi frequentada por Bernardino Machado – 3º e 8º Presidente da República, um amigo próximo da família e com propriedade nas imediações.

 

No decorrer do século XX regista-se a diminuição do poder financeiro da família, atribuído principalmente às consequências do crash de 1929. Em 1958 a Quinta da Calçada passa para a posse do Estado tendo sido instalada a Escola Secundária D. Luís de Castro – Braga.

 

Actualmente esta é uma família que reflete o retrato social da atualidade, partilhando uma ascendência nobre os diversos membros abraçam inúmeras profissões, das mais elevadas até às mais simples.

Em 1957 a Quinta da Calçada deixa de pertencer à sua família fundadora e passa para a posse do Estado Português, passando a funcionar a Escola D. Luís de Castro a partir de 1958.

    ESCOLA D. LUÍS DE CASTRO  

Historial da Escola D. Luís de Castro no seu antigo site;

 

A Escola Secundária D. Luís de Castro percorreu cerca de 50 anos de actividade lectiva. Desde o seu início, em 1958, desenvolveu um trabalho pioneiro como instituição vocacionada para a formação de trabalhadores sociais de nível não-superior. Ao longo da sua existência acumulou experiência e adaptou-se às novas exigências do tecido social, bem como à mobilidade do mercado de trabalho.

 

A Escola foi fundada no rastro de actividade dos centros de educação familiar, tutelados pela A Obra das Mães da Educação Nacional, que, desde 1942 e no distrito de Braga, desenvolviam acções no terreno da educação social, familiar e sanitária junto das populações rurais e operárias urbanas.

 

Estes centros respondiam às solicitações de casas do povo, de sindicatos e de outros organismos públicos e privados de todo o país, mas desde cedo, depararam com a dificuldade de colocar profissionais de serviço social que, voluntariamente, se radicassem nas zonas rurais. Assim, tiveram que recorrer a elementos do meio, detentores de níveis de instrução elementares, e a quem era ministrada a formação específica possível.

 

Desenhava-se, portanto, desde finais dos anos 40, a necessidade para o país de técnicos de serviço social com perfil escolar não-superior, habilitados para actuar na promoção cultural, social e económica das populações rurais e urbanas.

 

Em consequência, já em 1955 o Ministério da Educação previu a possibilidade de autorizar as escolas de Serviço Social, ou outras, a criarem cursos de educação familiar que preparassem agentes destinados a coadjuvar os serviços social, sanitário e de formação agrícola dos meios rurais. No ano seguinte, foi publicado o decreto que autorizava a criação de escolas de agentes de educação Familiar(1), e, desde logo, começaram os estudos dos programas e da instalação de uma escola em Braga.

 

Aprovados os programas do curso, a Escola inicia as suas actividades lectivas em 2 de Fevereiro de 1958. Adoptou o nome do engenheiro agrónomo D. Luís de Castro (1868-1938), professor catedrático do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa, Ministro da Agricultura e investigador que dedicou particular atenção aos problemas da mulher e da família que foi, logo no principio do século, um dos primeiros técnicos agrícolas a apoiar a promoção da mulher.

 

Passaram-se duas décadas em que a Escola D. Luís de Castro se integrava no ensino oficioso, até que, em 1978, é oficializada. Nos anos 80, a Escola é sucessivamente sede do curso profissionalizante de Educador Social(2), do curso técnico-profissional de Educador Social(3), do curso tecnológico de Animação Social(4) .

 

Deste breve apontamento da história da Escola Secundária D. Luís de Castro, ressalta a sua inequívoca especificidade.

 

Na transição do papel que lhe estipulava o Estado Corporativo, para o cumprimento de necessidades do sistema social da actualidade, a Escola conservou a vocação da formação de profissionais interventores nas diversas instâncias públicas e privadas onde são chamados a dinamizar actividades de promoção da educação e da animação.

 

Profunda e prolongadamente ligada ao meio social, a Escola acumulou um considerável capital de experiência e de prestígio, que se rendibiliza no relacionamento com as instituições empregadoras, onde os seus formadores realizam estágio de adaptação profissional. Conhecedora do mercado específico a que se dirige, tem adaptado constantemente o perfil da sua formação às solicitações variáveis desse mesmo mercado de trabalho. 

 

A Escola esteve situada na periferia da cidade, tendo sido constituída por dois edifícios, parcelas integrantes de um espaço de Quinta. No edifício principal, casa senhorial do princípio do século, funcionaram os Serviços Administrativos, Biblioteca, Cantina, Refeitório, Residência Escolar e Salas de Aulas. O outro edifício, de construção mais recente, funcionou como bloco de aulas com quatro Salas, um Bufete, uma pequena Reprografia e uma sala de Professores. 

 

Tratando-se de uma Escola Secundária, com um Curso Tecnológico inexistente nas escolas do Concelho de Braga, temos um raio de influência que ultrapassa a própria cidade, alastrando-se a outros distritos.

(1)Dec. Lei n.º 40678 de 10/7/56

(2)Portaria 1017/81 de 25/11/81

(3)Despacho normativo 102/85 de 31/10/85

(4)Dec. lei 286/89 de 29/8/89

(5) Carreira regulamentada pelo dec. Lei 304/89 de 4/9/89

 

No ano letivo de 2007 - 2008 a Escola D. Luís de Castro encerra a atividade ficando o imóvel devoluto.

to Work

DEGRADAÇÃO DA QUINTA DA CALÇADA

Após o encerramento da antiga Escola Secundária D. Luís de Castro, o imóvel foi devassado por diversas vezes, sendo ponto de encontro e permanência de grupo de toxicodependentes gerando situações manifestamente graves e perigosas como restos de toma de estupefacientes e atos de vandalismo, estes já causaram danos e destruição à propriedade de vária ordem culminando com vários incêndios que já consumiram toda a zona de escadas fazendo ruir a cobertura deste acesso vertical expondo o edifício aos elementos exteriores, que nos invernos do Minho são de considerável magnitude. Toda esta situação já foi exposta nos meios de comunicação social.

   

O Estado Português, que pelo vasto património que detém, é-lhe difícil estar ciente de todas as situações como esta sem o "nosso" alerta como contribuição. 

 

Com recuperação prevista pelo Pelo Decreto - Lei n.º 30/2019 de 26 de Fevereiro.

NOTICIAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL

 

Autarcas de Nogueiró e Tenões querem ‘casa de cultura’ na antiga Escola D. Luís de Castro

http://www.correiodominho.com/noticias.php?id=84068

 

Braga: jovens brincam com o perigo em escola abandonada

http://correiodominho.com/noticias.php?id=27432

 

IMAGENS

2019

RECUPERAÇÃO DA QUINTA DA CALÇADA

Pelo Decreto - Lei n.º 30/2019 de 26 de Fevereiro a antiga Quinta da Calçada / Escola D. Luis de Castro foi integrada no plano de intervenção para a requalificação e construção de residências de estudantes, passando este imóvel a ser uma das futuras residências universitárias da Universidade do Minho.

https://data.dre.pt/eli/dec-lei/30/2019/02/26/p/dre/pt/html

NOTICIAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL

Diário do Minho

Antiga Escola Secundária D. Luís de Castro será convertida em residência universitária

https://www.diariodominho.pt/2019/02/26/antiga-escola-secundaria-d-luis-de-castro-sera-convertida-em-residencia-universitaria/

https://www.diariodominho.pt/2018/12/17/crb-e-antiga-d-luis-de-castro-vao-ser-residencias-universitarias/

Semanário V

Escola D. Luís de Castro cedida para alojamento universitário, propõe a JP/Braga

https://semanariov.pt/2018/10/24/escola-d-luis-de-castro-cedida-para-alojamento-universitario-propoe-a-jp-braga/

 

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